terça-feira, 4 de outubro de 2011

DESVELOS (RELEITURA EM MESA DE BAR)




E, de repente, fiz-me dezenas de perguntas; os oráculos nesta hora se calaram, pois acreditavam, piamente, no silêncio farsesco de suas sabedorias.


Que se ame sem perda integral, nos moldes sem censura, no crispar dos corpos e no regurgitar do amor. Que as mazelas da noite, tal qual feminil prostituída e irreconhecível, possa irromper entre as esferas do medo!

Que se ame, mas que o amor não seja de um mais solene ou de outro mais ardente...que o amor se transfigure numa unidade destemperada e sem culpa...que o amor responda pelos seus destinos e obscenidades...

Que a fábula se rasgue e transpareça a gota orvalhada no caos do gozo total...Quando clamei aos deuses, riram do meu destino e cuspiram “groselhas de fogo” em minha face mirim. Infância destituída de onirismos e uma irmandade sem apiedações. Enfim, a chama do amor Fatal!

Que se ame quase que como num assombro tresloucado. Que a volúpia também encontre seu degredo. Que a dependência psíquica e o afeto desproporcional rebentem as últimas tábuas de salvação, tal qual flechas de fogo, rasgando o ventre das estrelas...lá no céu...!

                                                                                                                     1999.

Nenhum comentário: