quarta-feira, 13 de abril de 2016

COMBATE AO FEMINICÍDIO

As sucessivas cenas de violência noticiadas ad nauseam contra as mulheres grassam todos os rincões do país, denotando uma séria e grave cultura sexista e machista. Há um ano entrou em vigor no Brasil a Lei 13.104/15, que alterou o Código Penal incluindo mais uma forma de homicídio qualificado, ou seja, o “feminicídio”. Tal crime é tipificado quando o mesmo é praticado contra a mulher por razões da condição de ser mulher ou pertencer ao sexo feminino. Estas razões estão implicadas na violência doméstica e familiar ou na discriminação à condição da mulher. A pena pode ser elevada em até 1/3 caso a mulher esteja grávida ou durante os três meses após o parto, ou ainda quando a mesma for menor de 14 anos e maior de 60 anos e apresentar algum tipo de deficiência.

A responsabilidade da grande mídia e de determinadas peças publicitárias é evidente em tal contexto ao reforçar os estereótipos femininos (histeria, objeto sexual, descontrole emocional, incapacidade de liderança, etc.). No que tange aos processos educativos, especialmente na Educação Básica, as mulheres são maioria e responsáveis diretas pela formação de milhões de brasileiros, trabalhando em condições infraestruturais desfavoráveis e até mesmo insalubres, com salários indignos e planos de carreira pouco atraentes. Além disso, percebem salários menores do que os homens ao exercerem as mesmas atividades em ofícios liberais.

Estatisticamente, uma mulher morre a cada hora no Brasil, devido a motivações passionais ou fúteis, notadamente por meio de armas de fogo (quase 70%); já o homicídio por meio de materiais perfurantes ou cortantes representam 30% das mortes de mulheres em nosso país, cometidos em grande parte pelos ex-maridos ou namorados das vítimas. Há ainda uma parcela de homicídios originados por asfixia decorrente de estrangulamentos. Nesta triste estatística também se contabilizam assassinatos de mulheres pela sua orientação sexual.

Este debate não pode em hipótese alguma se circunscrever aos espaços jurídicos ou policialescos. Precisam estar presentes em todas as instâncias da arena pública e serem pautadas pela imprensa, escolas e universidades como tema permanente de formação humana. Caso contrário, as novas gerações perpetuarão o circuito da desqualificação feminina e o retrocesso histórico de todas as conquistas dos movimentos sociais organizados pelas mulheres ao longo de décadas!