A desqualificação social do magistério é notória e, infelizmente, tem
marcas históricas em nosso país. Em Santa Catarina o magistério na Educação
Básica é representado de forma significativa pelas mulheres que, embora
enfrentem condições de trabalho aviltantes e planos de carreira mais aviltantes
ainda, são responsáveis diretamente pela formação de crianças e jovens em
diferentes etapas de aprendizagem. O que seria da escola e da educação sem as
mulheres? Qual será o futuro das Licenciaturas em tal contexto, tendo em vista
o crescente esvaziamento dos conteúdos escolares e da pouca procura dos/as
jovens para atuarem na Educação Básica? Por que o magistério é um dos poucos
exercícios profissionais em que jornalistas, economistas, etc., acreditam poder
se intrometer, ainda que não tenham qualquer conhecimento de causa sobre os
desafios da organização do trabalho pedagógico e sobre as principais linhas
teóricas e metodológicas da Educação?
Talvez nos encontremos muito próximos de um ensino apostilado em larga escala,
em que a atuação do professor será cada vez mais pragmática e pouco
propositiva. As consequências de uma escolarização aligeirada ou ‘por demanda’,
atinge via de regra os filhos da classe trabalhadora, que terão uma diplomação
simplificada para trabalhos supersimplificados. Tal lógica perversa, e que
perpetua todas as desigualdades escolares possíveis, espraia-se em nível
mundial, o que não é só preocupante como aterrador.
Ao se desqualificar o trabalho de um professor, de uma professora,
desqualifica-se a formação de crianças e jovens que participarão da vida
pública. O processo civilizatório assumido pela escola submerge-se em meio à falta
de intencionalidade pedagógica e política, o que em outras palavras significa
uma formação precária ou insuficiente. Se os professores forem reduzidos a
meros instrutores pelas políticas públicas em vigor, teremos uma nação de
analfabetos políticos, desconhecedores de sua própria história. Não por acaso,
isto tem se revelado em nosso país por meio de divisionismos e maniqueísmos
empobrecedores. Há um recuo da teoria, professores mal formados e inconsistência
nas práticas pedagógicas em todos os níveis de ensino. Culpabilizar os
professores e remetê-los à desqualificação é uma atitude cômoda por parte do
Estado e, especialmente, por determinados matizes político-partidários. Faz-se
urgente a qualificação da Educação Básica e o aprofundamento dos conhecimentos
produzidos pela humanidade, caso contrário, caminharemos definitivamente para a
barbárie!