quinta-feira, 21 de junho de 2007

A miséria da (in)formação



Por Jéferson Dantas


O conjunto de informações que recebemos atualmente dos mais diversos veículos de comunicação, modificou, sobremaneira, as nossas concepções de mundo e, principalmente, nossa percepção objetiva sobre os principais acontecimentos políticos, sociais e econômicos. A mídia impressa de massa – com raríssimas exceções –, brinda-nos com manchetes sensacionalistas e desprovidas de aguçada reflexão crítica dos fatos. Aliás, faz muito tempo que o jornalismo investigativo tem dado espaço para o roteiro de intrigas e fofocas, típico dos tablóides medíocres.



Nesta direção, é razoável, pois, considerar, nos dias de hoje, que tipo de informação precisamos selecionar. O consumo da mercadoria cultural funciona da mesma maneira que outras mercadorias, porém, seus efeitos nocivos se alastram pelas conversas de esquina, ganhando mesmo os territórios educativos. O monopólio de uma determinada indústria da informação corrobora para a hegemonia de um único grupo social, relegando às classes populares os noticiários infames, desprovidos de história e/ou dialética. Os movimentos sociais são criminalizados abertamente por este tipo de mídia, funcionando como reguladores das tensões envolvendo a sociedade civil e a sociedade política.



A miséria da informação está, inevitavelmente, globalizada. O que se pode reter ou internalizar de fragmentos paupérrimos provenientes desta mídia? Por que temos de aceitar este tipo de informação? Quais são os prejuízos conceituais e analíticos dos grandes monopólios midiáticos? Repensar os círculos de leitura nas escolas formais e nos espaços educativos não-formais e a elaboração de materiais informativos que fujam dessa lógica da indústria da informação, já é uma realidade presente, principalmente nos ambientes virtuais. Romper com tal lógica, porém, não é tão simples assim. Implicaria numa mudança profunda na concessão de emissoras de rádio/tevê, que beneficiam claramente elites políticas aninhadas em seus territórios de influência. Logo, a informação também é um instrumento de litígio. Nas mãos erradas, sustentam a hegemonia sem qualquer avaliação e sem nenhum pudor.