Não
basta que os grupos empresariais jornalísticos no Brasil, responsáveis pela
grande quantidade de notícias que se irradiam em diferentes veículos e
plataformas, insurjam-se e pleiteiem que suas mercadorias informacionais ganhem
maior visibilidade em detrimento das redes sociais (leia-se facebook). Ainda que possamos concordar
que as redes sociais se apropriam de dados de seus usuários para todo tipo de
manipulação, incluindo tendências políticas em tempos de eleições, faz-se
importante considerar e problematizar que as redações dos grupos empresariais
jornalísticos estão cada vez mais distantes do interesse público, muitas vezes
atuando como meros assessores de imprensa de determinadas colorações político-partidárias.
E isso também é grave.
A
demissão crescente dos/as jornalistas das redações ou a degradação do seu
trabalho vincula-se a uma esquizofrênica necessidade de que suas atividades-fim,
a partir de agora, priorizem ‘agradar’ os leitores seja de que maneira for,
tendo como parâmetros (quantitativos) o número de ‘visualizações’ ou de ‘curtidas’
de uma notícia. Ora, o conteúdo informacional de um jornal que se paute pela
investigação minimamente isenta, atrairá leitores, justamente, pelo adensamento
das particularidades de um fenômeno social que esteja em evidência num certo
contexto histórico. Caso contrário, qual é a diferença entre esse tipo de
jornalismo e as famigeradas redes sociais?
Além
disso, o bom jornalismo exige equilíbrio. Isso significa que a informação deve
ser equalizada entre as mídias públicas, comunitárias e privadas. Não é o que
acontece no Brasil. A grande massa informacional que chega aos lares
brasileiros pela mídia eletrônica, por exemplo, encontra-se previamente
filtrada, editada e palatável para um consumidor que, muitas vezes, não busca
outras fontes de notícia para ampliar o seu cabedal analítico. Essa etapa é
mais complexa e exigirá uma discussão sobre a regularização das mídias.