quinta-feira, 5 de abril de 2018

FAKE NEWS E CREDIBILIDADE JORNALÍSTICA


   Não basta que os grupos empresariais jornalísticos no Brasil, responsáveis pela grande quantidade de notícias que se irradiam em diferentes veículos e plataformas, insurjam-se e pleiteiem que suas mercadorias informacionais ganhem maior visibilidade em detrimento das redes sociais (leia-se facebook). Ainda que possamos concordar que as redes sociais se apropriam de dados de seus usuários para todo tipo de manipulação, incluindo tendências políticas em tempos de eleições, faz-se importante considerar e problematizar que as redações dos grupos empresariais jornalísticos estão cada vez mais distantes do interesse público, muitas vezes atuando como meros assessores de imprensa de determinadas colorações político-partidárias. E isso também é grave.

   A demissão crescente dos/as jornalistas das redações ou a degradação do seu trabalho vincula-se a uma esquizofrênica necessidade de que suas atividades-fim, a partir de agora, priorizem ‘agradar’ os leitores seja de que maneira for, tendo como parâmetros (quantitativos) o número de ‘visualizações’ ou de ‘curtidas’ de uma notícia. Ora, o conteúdo informacional de um jornal que se paute pela investigação minimamente isenta, atrairá leitores, justamente, pelo adensamento das particularidades de um fenômeno social que esteja em evidência num certo contexto histórico. Caso contrário, qual é a diferença entre esse tipo de jornalismo e as famigeradas redes sociais?

   Além disso, o bom jornalismo exige equilíbrio. Isso significa que a informação deve ser equalizada entre as mídias públicas, comunitárias e privadas. Não é o que acontece no Brasil. A grande massa informacional que chega aos lares brasileiros pela mídia eletrônica, por exemplo, encontra-se previamente filtrada, editada e palatável para um consumidor que, muitas vezes, não busca outras fontes de notícia para ampliar o seu cabedal analítico. Essa etapa é mais complexa e exigirá uma discussão sobre a regularização das mídias.