quinta-feira, 10 de novembro de 2011

sobre manias

e me acostumara com a chuva e o frio. Uma estranha mania passou a consumir meus dias; com o pretexto de alugar imóveis no centro da cidade, ficava horas visitando apartamentos antigos, como se pudesse apreender os cheiros ali depositados; demorava-me nos quartos, na sala-de-estar, na cozinha, no banheiro, nas sacadas...observava cada detalhe: hieróglifos nas paredes descascadas, instalação elétrica precária, o formato e aderência dos pisos.


detinha-me nos rastros deixados por antigos moradores: um bilhete esquecido no criado-mudo; um livro esquecido com várias páginas dobradas; o néctar das palavras escondidas...leituras interrompidas...

E também ali me abandonei.

CIVILIZAÇÃO

Antes
rota e grotesca aparência.
Força das mãos e dentes caninos desenvolvidos.

Fortaleceu-se ao cultivar a terra virgem e a comer do seu trabalho. E os pêlos do corpo se tornaram mais raros. O dom da retórica se desenvolveu e as diásporas contrapuseram civilizados e iletrados.


Adotou rituais universais. E naquela noite de mil horas buscou respostas tardias em manuscritos; e os gozos todos maculados...todas as barbáries cometidas!

Apreendeu os caprichos da terra orvalhada. E eles quando aqui chegaram, com todo o bolor medieval, destruíram rituais, estupraram crianças e mulheres púberes, 'honrando' seus sádicos soberanos com lanças, espadas e cruz! E todo o sangue possível derramado em solo americano.

Tudo risco e engano! O planeta sem água e as crianças banhando-se com merda farta. A morbidez venceu e o espetáculo da tragédia é mercadoria fácil. A dizimação elegante não necessita mais de nenhuma eloquência.