terça-feira, 20 de julho de 2010

DO QUE É DO HUMANO - NON OMNIA POSSUMUS OMNES


Foi este arrebol inesperado que te trouxe para o meu conforto mais íntimo. Eu que já não sabia brincar, agora tinha tempo de sobra para te acompanhar nesta viagem fantástica de redemoinhos e labirintos. Eu retornaria mais são e menos importunado com tolices de outrora. É que eu aprendera com a última estação a ser menos auto-sabotador e ter cuidado com os amigos de longa travessia. A menina sorrira com o meu pouco jeito diante das flores do jardim, tomando-me por certo como ilustre desconhecedor das coisas da terra. E ela estava coberta de razão. Na estratosfera de minhas transpassadas morbidezes ou de coisas inconclusas que povoam a nossa mente, nada poderia ser mais infértil ou desagregador. E percebia que foram os tantos dias de solitude, ainda que fizesse sol ou chuva, que criaram este estado bruto e distante do que é coletivo. E talvez eu pouco compreendesse do êxtase da alma quando acreditava me bastar no horizonte de meus objetivos tacanhos.

E a menina ao plantar sua primeira flor no jardim improvisado, beijou-me a face e confidenciou-me que também possuía jardins secretos nos seus sonhos, mas lá tudo parecia maior e mais colorido. Disse-lhe que os nossos sonhos têm o tamanho de nossa grandeza e ousadia. Ela riu, pois não entendia muito bem o que isso poderia significar. No outro dia, como por encanto, o jardim multicor se apresentava com todos os seus aromas sutis e penetrantes e era isso o que pretendia guardar desta aprendizagem simples e tranquila, que pode não mover mundos, mas que certamente me moveu.