domingo, 8 de maio de 2016

ABRIL DESPEDAÇADO

  “Golpe brando”, “Republiqueta de bananas”, “Carmenmirandização do Brasil”, “Corporativismo midiático-jurídico”, “Golpismo nos moldes paraguaio-hondurenho”, etc. e etc. Estes são alguns dos adjetivos que a imprensa sul-americana, especialmente na Argentina, dedica ao Brasil em relação aos últimos acontecimentos políticos. O periódico Página 12, de Buenos Aires, que se distingue por ser um jornal repleto de articulistas, retratou nos últimos dias o que pode significar para o nosso país os retrocessos políticos e sociais provenientes de uma articulação político-partidária espúria. Causa espécie que tais afirmações ou análises também partam de jornais considerados conservadores em diversas partes do mundo. Ficam-nos algumas indagações: de que maneira a população brasileira vem sendo (des)informada pelos grandes conglomerados midiáticos nestes últimos anos? Por que a imprensa tupiniquim continua de costas para os demais países da América Latina, como se vivêssemos dilemas e contradições únicas ou exclusivas? O que significa o avanço de forças ultraconservadoras no Brasil e no mundo, inclusive no país em que nasceu Hitler?

  Coadunado a tudo isso, alguns entes federativos do país, como é o caso de Alagoas, estão aprovando em suas respectivas assembleias legislativas a “Escola Sem Partido”, que nada mais é do que a censura ou o assédio ideológico aos professores que pensam de forma diferente dos (neo)liberais ou de qualquer corrente conservadora vinculada ou não a agremiações partidárias. Os ataques à autonomia política e pedagógica das escolas públicas reforçam neste cenário bufo e trágico a possibilidade evidente de desestruturação das disciplinas consideradas “críticas”, como são os casos de Filosofia, Sociologia, Geografia e História. O retrocesso é tão gigantesco quanto à famigerada Lei 5.692/1971 do período da Ditadura civil-empresarial-militar (1964-1985), que destruiu os itinerários formativos da Educação Básica com a inclusão de disciplinas cívicas e patrióticas.

  Se isto não é suficiente para refletirmos que país teremos pela frente nos próximos dias, então, que o último a sair apague a luz. Estão previstos mais cortes nas áreas da Educação e Saúde, como se já não bastassem os cortes orçamentários anteriores na ordem de bilhões de reais. Caminha-se a passos largos para os confrontos decisivos entre capital e trabalho. A luta de classes nunca esteve tão viva neste abril despedaçado de 2016!