“Golpe
brando”, “Republiqueta de bananas”, “Carmenmirandização do Brasil”, “Corporativismo
midiático-jurídico”, “Golpismo nos moldes paraguaio-hondurenho”, etc. e etc.
Estes são alguns dos adjetivos que a imprensa sul-americana, especialmente na
Argentina, dedica ao Brasil em relação aos últimos acontecimentos políticos. O
periódico Página 12, de Buenos Aires,
que se distingue por ser um jornal repleto de articulistas, retratou nos
últimos dias o que pode significar para o nosso país os retrocessos políticos e
sociais provenientes de uma articulação político-partidária espúria. Causa
espécie que tais afirmações ou análises também partam de jornais considerados
conservadores em diversas partes do mundo. Ficam-nos algumas indagações: de que
maneira a população brasileira vem sendo (des)informada pelos grandes
conglomerados midiáticos nestes últimos anos? Por que a imprensa tupiniquim
continua de costas para os demais países da América Latina, como se vivêssemos
dilemas e contradições únicas ou exclusivas? O que significa o avanço de forças
ultraconservadoras no Brasil e no mundo, inclusive no país em que nasceu
Hitler?
Coadunado
a tudo isso, alguns entes federativos do país, como é o caso de Alagoas, estão
aprovando em suas respectivas assembleias legislativas a “Escola Sem Partido”,
que nada mais é do que a censura ou o assédio ideológico aos professores que
pensam de forma diferente dos (neo)liberais ou de qualquer corrente
conservadora vinculada ou não a agremiações partidárias. Os ataques à autonomia
política e pedagógica das escolas públicas reforçam neste cenário bufo e
trágico a possibilidade evidente de desestruturação das disciplinas
consideradas “críticas”, como são os casos de Filosofia, Sociologia, Geografia
e História. O retrocesso é tão gigantesco quanto à famigerada Lei 5.692/1971 do
período da Ditadura civil-empresarial-militar (1964-1985), que destruiu os
itinerários formativos da Educação Básica com a inclusão de disciplinas cívicas
e patrióticas.
Se
isto não é suficiente para refletirmos que país teremos pela frente nos
próximos dias, então, que o último a sair apague a luz. Estão previstos mais
cortes nas áreas da Educação e Saúde, como se já não bastassem os cortes
orçamentários anteriores na ordem de bilhões de reais. Caminha-se a passos
largos para os confrontos decisivos entre capital e trabalho. A luta de classes
nunca esteve tão viva neste abril despedaçado de 2016!