quinta-feira, 24 de março de 2011

A CIDADE QUE NINGUÉM QUER VER

A cidade que ninguém 
quer ver...
meninas acrobatas
iluminadas
pelos faróis
 
 
e não há nada
nas ruínas
dos mil sóis.
e as igrejas
templos e evangelhos
em frangalhos
 
 
 
e os meninos
deliram(antes)
com
seus brinquedos
automáticos
nos orvalhos.
 
 
 
e o olhar que vaga
só revela 
a sina marginal
 

ELA


E parecia profunda ebriedade quando conduzido pela pretérita lembrança do teu vulto de pernas, cabelos e seios à mostra! Engatilhada como quem nada tinha a perder, ofertava o doce dos lábios e a vermelhidão oblonga do sexo. Suave e intensa foi a noite da primeira entrega, de cansaços de braços e bocas. Por certo veneno e recôndita alegria.

E ainda quando o dia se desmoronava em medos, solidões e frustradas relações íntimas, procurava-me como desencanto mútuo e exigias lascívias selvagens, como bem relatava o corpo repleto de hematomas e sangues de unhas. 

Sem saber de onde vinha ou o que fiz durante todas aquelas horas, só compreendia o desejo e o enredo das confissões prosaicas, mas que sempre ocultavam fenestrações arcanjas e assim, num profundo torpor, sorvia o líquido do cálice em sangue.

E ainda querias companhia. Incerta. Apenas para ter próximo o que o desejo de vísceras teimava de forma eruptiva, flagrante, humana, animal e coruscante!