domingo, 29 de janeiro de 2006

Amor & Arte


Somente a arte pode nos dar uma sensação de completude, de transcendência. Seja na literatura, na pintura, no cinema ou na educação. A arte cinematográfica é uma das mais fascinantes obras humanas. Quando os cineastas aprenderam a técnicas de montagem, também aprenderam a contar uma história com as mesmas tensões, permanências e rupturas da vida cotidiana. Com sabedoria, Griffith e Eisenstein tornaram o cinema uma das mais belas criações do gênero humano. E a beleza é a única coisa que nos acende, desperta e motiva. O cinema transforma situações deprimentes em arte e passamos a ressignificar a natureza do 'belo'.
Estou cada vez mais convencido de que o amor é a única forma de nos mantermos vivos e ligados à Gaia. Amar é uma arte. Exige cuidado, paciência, constância, habilidade, ternura, paixão, embate. O amor é a glória! Fiquei comovido com a entrevista do ator Raul Cortez numa das últimas edições da Revista IstoÉ. No fim da entrevista ele fez a seguinte consideração, referindo-se ao poeta Rainer Maria Rilke: "Põe a cabeça no travesseiro e pergunta se você viveria sem escrever". No interior dessa citação, quanta entrega e paixão! Assim como o ator não vive sem atuar, o educador não vive sem educar. E é essa a minha autêntica entrega...minha forma de semear o amor pelo mundo. Quantos sujeitos já passaram pelas minhas mãos? Quantas almas foram tocadas pelas minhas palavras e pelos meus gestos de carinho? Quantos del@s me recompensaram com seus depoimentos carinhosos, sinceros e amorosos? E isso não é pouco. Só o amor é capaz de dar essa medida. Só o amor nos arrebata! Só o amor é capaz de nos construir/desconstruir. O amor é a única virtude. Só ele nos conduz aos verdadeiros enlaces. Só o amor pode nos retirar de uma situação permanente de miséria. Só o amor pode nos fazer enxergar com os olhos sensíveis d'alma. Só o amor é a verdadeira fortaleza e somente ele pode nos libertar. Desnudar-se, portanto, faz-se fundamental!!!

As canções nativistas e a alma gaudéria


Pesquiso canções e intérpretes nativistas do Rio Grande do Sul. A especificidade dos temas, a importância dos festivais, levam-me àquelas paragens por ora tão distantes. Essa idéia de raiz, de tradição que os gaúchos possuem é bastante peculiar. Carrego comigo um pouco das tradições no amargo que bebo todos os dias, companheiro das leituras nas invernadas. Num desses momentos de lembranças da infância escrevi "Poço de Saudade"(1999), que foi devidamente musicada. É uma milonga:
Desgarrei-me do meu pago/ não me abrigo mais no pala/ sou um poço de saudade/ só o tempo é que me abala.
Ainda criança na Campanha/ meu avô contava histórias/ sobre o vento minuano/ dos charruas, lutas inglórias.
Desde piá eu já vislumbro/ que a raiz é o que importa/ e que o meu lugar no mundo/ só tem sentido nas bravatas.
Recuar no tempo é triste/ quando se está longe dos seus/ quanto mais o tempo insiste/ mais se sabe o que perdeu.