sexta-feira, 23 de setembro de 2011

COLHEITA


vendemos
sonhos
e colhemos
sorrisos
nervosos da boca
do vento.

TOCA-ME


às vezes
um toque
machuca,
 mesmo quando
o
toque-ternura
quer amar.




às vezes
o toque
penetra,
mesmo quando
a
loucura-ternura
quer matar.


às vezes,
o toque
pode  remoer
antigas
mágoas do tempo.



O NÃO-LUGAR


meu lugar
é o não-lugar.
meu caminho
é o não-caminho.
minha alegria
é a não-alegria
discórdia de dois mundos.



mundo caduco,
fábula de
sonhos tão incertos.



é quando não sou é que
me reconheço,
na estrada nua dos teus braços.
na tragicomédia
de nossos atos.




e me entrego ao crepúsculo.
e me entrego ao crepúsculo...

LEVEZA


na manhã de
chuva
as leituras que faço
são tensas
confidenciais.


o café quente
preparado no acordo
das horas
reluz na
fina têmpera do
quarto de estudos.

 preparo-me
para o exercício do tempo
e penso na mulher
que amo.

 fico feliz
com as gotas
da chuva...
 com
 as minhas escolhas.


e quando
o domingo se finda
acenando para
mais uma semana
nem o coração
entende
o porquê de tanta
leveza
em tempos de
neve nos
semblantes alheios.