Os movimentos
fascistizantes que grassam pelo país não são meros acasos, assim como não é
causalidade as repetidas situações de violência empreendidas contra as
mulheres, professores (da Educação Básica ao Ensino Superior públicos), jovens
pobres e negros, historicamente vulneráveis pela ausência de políticas públicas
consistentes. A defesa empedernida de um ideal autoritário por determinados
setores da sociedade civil em tal conjuntura, num país que até os dias de hoje
carrega a nódoa nefasta de um passado escravocrata e da crescente e espúria
desigualdade social, além da concentração elevada de renda nas mãos de uma
minoria, expressa um triste cenário que pode levar ao Palácio do Planalto um
candidato que não terá receio em utilizar a repressão para coibir toda e
qualquer forma de manifestação social. Mais do que isso, Bolsonaro atenta
contra o conhecimento histórico e a memória social ao defender torturadores,
além de achincalhar jornalistas e comentaristas despreparados, sendo alçado à
condição de ‘mito’. Seria cômico se não fosse trágico!
O candidato do PSL/RJ à
presidência da República age sem peias. Escancara a sua misoginia, despreza os
movimentos LGBT e quilombola, além de ter desqualificado uma colega
parlamentar, dizendo-lhe que nem mesmo mereceria ser estuprada. Enfim, uma
lista interminável de ódio, destempero, desequilíbrio e mitomania. Apesar de
todos os exemplos aqui citados, Bolsonaro está com mais de 20% de intenção de
votos nas primeiras pesquisas de opinião pela corrida ao Planalto.
Assim, ignorar que o
acirramento da violência sob todos os seus ângulos – reforçada por grupos,
partidos e movimentos ultraconservadores –, anuvia a realidade concreta de um
país à beira de um colapso civilizatório, com taxas crescentes de feminicídio,
desemprego estrutural e desesperança coletiva. Apesar disso, há muita leniência
dos grupos empresariais jornalísticos, que veem em Bolsonaro apenas um bufão
como é o caso de Donald Trump. Acontece que Trump venceu as eleições nos EUA.