sábado, 19 de fevereiro de 2011

CARNAVAL E CINZAS


E se eu rasgasse
a fantasia?
A tua máscara?
Ainda ias
me querer?

Continuarias
insinuante
faiscante
loba-louca de desejo?

E quando
 a farra fenecesse,
seriam
cinzas
as tuas
lânguidas mordidas
agridoces?

E se eu te desejasse
além dos dias
da carne?
A provocação de
seios e coxas desnudas
fariam
parte de nossos
rotos dias?

Eis que
partias numa
esfumaçada
rua de
inebriantes cigarrilhas...

E toda a gente
amargando
o pó
enredada
no colorido-serpentário
de serpentinas.


PERMANÊNCIAS


O que fica
deste ensinamento
não é o desfecho,
tampouco a ilusão
de ter sido menos.

O olhar perscrutador
hoje ausente
ainda é fagulha
em nossas ações
de erro, falibilidade e ousadia!

O que ‘idolatramos’
não é o ser inalcançável,
mas aquilo
que nos aproxima como
espécie.

O que permanece
reconstrói
e lança-nos
ao inefável,
torrente de todas
as lamas, vivências, amorosidades
e perdas/encontros incalculáveis.