sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O COMPROMISSO COM A CRIANÇA QUE ME HABITA...

Possivelmente, alguns não entenderiam as últimas mudanças. E te exigiriam compromissos inadiáveis; e te
cobrariam pela ausência; e inventariam falsas histórias a teu respeito. Depois, começariam a enxovalhar tua
reputação; que deverias ser internado; que estarias enlouquecendo de forma irreversível; e seriam
hipocritamente solidários ao te convidarem para lugares que sempre detestou. E nunca conseguiriam entender porque,apesar de tudo, ainda te alegravas com coisas irrelevantes, que não gerariam lucro, muito menos renome. E não sendo mais a matéria inerte e desastrada, terias vínculo com a vida; combatendo a barbárie e a rudeza de homens e mulheres tristes; e terias projetos, mesmo inacabados; e vingarias o menino trágico da infância.

VESTÍGIOS DA CIDADE


A cidade que se revela é o próprio desterro. A cidade é um conjunto de pedregulhos em sacos invernais de tempestade. A mesa com suas quatro patas de afiada lasca de mogno suporta um café requentado e uma dúzia de biscoitos com a validade vencida. O frio resseca a minha pele de lagarto e descamo como os peixes abissais...

Enquanto a ressaca invernal é submergida, fico com as imagens da mulher sonhada, carne suprema de forma-conteúdo amada. Seus olhos prófugos querem também o movimento centrípeto da entrega. E fico com a sua face congelada... futuro encontro pleno (?!).

E na cidade litorânea em chamas, chumbo e morte no coração das crianças... a cidade arde e se desespera... tropas armadas como nos tempos das fardas auriverdes...hoje, entretanto, clama-se por fuzis e metralhas a estourar cabeças vazias de jovens bandidos. O horror noticioso por câmeras nervosas... o tempo para na acidez da revolta. Vestígios do dia e largas vontades à espera de um sossego impossível. E toda a pressa e todo o afã galopam insolúveis na rigidez da caótica urb de sol, montanhas e água marinha...

SURPRESA


A surpresa do espaço me aguardava. Nada dizia...retinas arrombadas... que foi feito de nós, ninfa-noite e escândalo de mil sóis? Eu só tinha o fardo do tempo como última linguagem... e mesmo assim, trazia nas mãos as asas fosforescentes da borboleta noturna. A minha primeira morte depois de tudo!