sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

VESTÍGIOS DA CIDADE


A cidade que se revela é o próprio desterro. A cidade é um conjunto de pedregulhos em sacos invernais de tempestade. A mesa com suas quatro patas de afiada lasca de mogno suporta um café requentado e uma dúzia de biscoitos com a validade vencida. O frio resseca a minha pele de lagarto e descamo como os peixes abissais...

Enquanto a ressaca invernal é submergida, fico com as imagens da mulher sonhada, carne suprema de forma-conteúdo amada. Seus olhos prófugos querem também o movimento centrípeto da entrega. E fico com a sua face congelada... futuro encontro pleno (?!).

E na cidade litorânea em chamas, chumbo e morte no coração das crianças... a cidade arde e se desespera... tropas armadas como nos tempos das fardas auriverdes...hoje, entretanto, clama-se por fuzis e metralhas a estourar cabeças vazias de jovens bandidos. O horror noticioso por câmeras nervosas... o tempo para na acidez da revolta. Vestígios do dia e largas vontades à espera de um sossego impossível. E toda a pressa e todo o afã galopam insolúveis na rigidez da caótica urb de sol, montanhas e água marinha...

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