domingo, 5 de novembro de 2006

O custo das oligarquias




Jéferson Dantas



Nas primeiras décadas do século XVI a coroa portuguesa dividiu a sua nova colônia na América em quinze grandes trechos de terra que contornavam o litoral brasileiro, sistema que ficou conhecido como capitanias hereditárias. As capitanias hereditárias do ponto de vista social, econômico e político foi um total desastre. Além de ter concentrado enormes extensões de terra nas mãos de pouquíssimos donatários, representou a gênese perversa do latifúndio improdutivo numa terra em que, originariamente, civilizações autóctones extraíam sua subsistência da própria natureza. A lógica do mercantilismo europeu ou o pré-capitalismo teve no Brasil sua face perversa com a escravidão que durou mais de três séculos, situação que nos envergonha até os dias de hoje.

Todavia, os nichos sócio-culturais dos oligarcas continuam mais vivos do que nunca. Embora arrefecidos nas últimas eleições para cargos executivos no Brasil, as oligarquias regionais durante muitos séculos governaram e governam boa parte do Brasil. A truculência grotesca, favoritismo, clientelismo, paternalismo ou a ameaça sistemática aos seus desafetos, são as características mais evidentes deste gênero político nefasto e dasalentador. Se outrora as oligarquias rurais (coronelismo) chefiavam seus redutos eleitorais via voto do cabresto e outras artimanhas indecorosas, as oligarquias urbanas souberam muito bem se aproveitar dos anos de chumbo no Brasil através da conveniência com a tortura, repressão sistemática e delação em larga escala. Tanto as oligarquias rurais como as urbanas hoje se confundem. Ocupam o Congresso Nacional e mantém a mesma postura arrogante de seus descendentes seculares. Governam de costas para as populações empobrecidas. Oferecem migalhas em troca de seu empoderamento ad vitam aeternam.

Logo, o custo social das oligarquias é bem evidente. Entre outros aspectos, sepultam a liberdade de expressão, condenam a vivacidade das vozes dissonantes à humilhação pública e ao desterro. Submete a população empobrecida a uma condição cada vez mais paupérrima e ignorante. Anulam os projetos de ascensão social dos que mais necessitam. Os trogloditas de prenomes e sobrenomes que habitam esta terra há centenas de anos representam a imagem mais deprimente de uma nação que precisa crescer economicamente e socialmente apesar deles.