sexta-feira, 14 de outubro de 2011

AOS PROFESSORES




Vivencia-se em Santa Catarina e no Brasil um momento nevrálgico da categoria docente na retomada de processos históricos adormecidos desde a década de 1980, quando professores e professoras, literalmente, paralisavam a nação. Em terras catarinenses não podemos esquecer o Plano Estadual de Educação (PEE) de 1984, assentado em bases populares e com a participação efetiva de escolas, associação de pais e professores, universidades públicas e sindicatos. Tempos em que a radicalização democrática era, de fato, um princípio ético a ser perseguido.

As mudanças históricas no final da década de 1980 e o triunfo do capital na década de 1990 esfacelaram as representações sindicais e desqualificaram a identidade docente. O pragmatismo pedagógico, a instrumentalidade do conhecimento, associado a índices alarmantes de evasão, repetência e violência no território escolar, passaram a fazer parte das tristes estatísticas no campo educacional. O Estado passou a ser ‘mínimo’ no que concerne aos investimentos educacionais e ‘máximo’ no que se refere ao controle de índices de aprovação, produtividade docente e vigilância aos professores afastados por motivos de doença crônica. Com tais dados à mão, as políticas públicas educacionais poderiam revolucionar este solo árido em que se transformou a escola brasileira que, apesar de tudo, ainda apresenta em seus quadros educadores valorosos, engajados empiricamente e compromissados com a sua comunidade local.

O educador popular Paulo Freire (1921-1997) enfatizava que homens e mulheres feridos como ‘seres de compromisso’, aos poucos vão abandonando suas lutas cotidianas e, infelizmente, tornando os espaços sociais desprovidos da ação transformadora, tão necessária em tempos de ‘fundamentalismo do mercado’ e a paradoxal ‘privatização da ira individual’. Logo, no epicentro destas questões essenciais, deve-se compreender que a insatisfação do trabalho docente não pode ser desconectada de todas as demais instâncias deliberativas da escola e das políticas públicas propagadas até o momento. Em tempos escassos de referências humanas íntegras, os professores devem continuar lutando por uma educação pública de qualidade, tendo como princípio-mor uma sociedade justa, solidária e igualitária.


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