Na relva macia
onde eles se entregavam, os espiões se refestelaram de novidades e toda a
cidade soube do acontecido e todos se voltaram contra eles...
Eram jovens e
bonitos. Ela tinha este brilho fácil das jovens de sua idade, o rosto macio, os
cabelos loiros e ondulados e uma pureza inconteste. Ele era altivo e sereno.
Não era rude, antes delicado e viril, sem ser vulgar e pernicioso. Diria mesmo
ser um par raro.
Mas, estas
cidadezinhas vis, onde os homens são taxados de frouxos e que bebem muito para
esquecer as mágoas, nunca mudarão seus hábitos tácitos.
Os jovens foram
expostos como criminosos. Recriminados por amarem livremente e por serem
puros.
Degolam-se
cabeças como se degolam ervas daninhas. Misturas de tudo que é nocivo à boa
planta.
Logo, quando
amanheceu naquela cidadezinha torpe, encontrava-se em frente à casa do jovem
uma mulher de luto, imensa cabeleira pestilenta, trazendo na mão uma Bíblia em
frangalhos e uma corja de tantas velhas infaustas.
O rapaz assistiu
sua casa ser queimada. Os ladrilhos arderam em chamas e os vidros das janelas,
estilhaçados pelas pedras, rebentaram como disparos de revólveres.
A cidade estava
salva daquele pequeno demônio. A moça passaria a morar com a tia distante, até
que todos se esquecessem do ocorrido.
Eles nunca mais
se viram. Sabe-se que a cidade está maior (principal produtora de arroz da
região). Onde os jovens costumavam se encontrar foi erguido um enorme silo para
guardarem cereais. Estranhamente, o silo tinha uma fragrância de rosas e todos
que ali entravam tinham a sensação de estar flutuando.
Covardemente, o
silo foi queimado.
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