quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Para não esquecermos...


Ecos da Ditadura Militar em Florianópolis

04/07/2005

(após um relato de um estudante universitário: preso, desnudado e torturado psicologicamente).


Os últimos acontecimentos em Florianópolis têm nos revelado os limites da democracia representativa e, fundamentalmente, o desrespeito às liberdades individuais, o que é anticonstitucional. Evidente que me refiro ao movimento estudantil (ME) que tomou as ruas da capital catarinense, exigindo a diminuição das tarifas dos coletivos urbanos, algo que o atual prefeito havia se comprometido durante o pleito municipal. Na primeira manifestação de peso que o Sr. Dario Elias Berger enfrentou, não titubeou: acionou o aparato repressor para defender com unhas e dentes o capital/patrimônio privado.
Os jovens só são importantes, hodiernamente, quando se tornam consumidores de bugigangas eletrônicas ou quando vendem sua força de trabalho por míseros tostões. A potencialidade vital, o Eros criador da juventude, foi praticamente absorvido pelos instrumentos midiáticos, que os idiotiza de maneira implacável. Porém, quando a categoria “juventude” tenta se impor politicamente e ideologicamente é completamente desqualificada pelas mídias de massa, com termos no mínimo grotescos: baderneiros, vândalos, vagabundos, maconheiros, etc. Sim. A mesma juventude que consome e produz, não pode se rebelar. A rebeldia tem de ser silenciada para garantir o “direito de ir e vir” do cidadão pacato, honesto, resignado e respeitador da ordem. Estes termos lembram em muito o discurso dos parlamentares catarinenses em relação à população de Florianópolis, quando da visita do general-presidente João Baptista Figueiredo à capital em novembro de 1979. Os ecos da repressão militar, 20 anos depois, impõem-se de forma preocupante. O prefeito-empresário tem internalizado muito bem estas práticas arbitrárias.
O ME deve se orgulhar deste momento histórico, até porque estamos num processo de paralisia intelectual/política jamais vista neste país. Não serão as tropas de choque, as balas de borracha e os cães excitados que vão conseguir destruir aquilo que é intrínseco à juventude; a capacidade de sonhar e transformar a realidade existente! Precisamos estar atentos aos abusos do aparato repressor do Estado, pois isto pode se configurar como algo naturalizado na sociedade; em outras palavras, uma Ditadura Civil!

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