quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Em busca da identidade brasileira



Vivemos, atualmente, não só no Brasil, mas em diversas partes do mundo, falsos dilemas e falsos problemas. Quero dizer com isso, que temos nos meios de comunicação de massa, diversos experts em assuntos econômicos, políticos, sociais e culturais, que tentam compreender o país numa dimensão bastante empobrecida de suas reais potencialidades, de suas reais motivações diante de um mundo carcomido pelo sensacionalismo, pelo arrivismo e pela competitividade cada vez mais desenfreada. É como se o ‘quarto poder’ quisesse impingir valores/crenças sem qualquer mediação histórica, desqualificando falas divergentes e/ou grupos sociais que discordam desta mimese absurda da sociedade de consumo.
Todas as formas de violência que assistimos hoje via satélite (homens-bomba, chacinas, estelionatos, corrupção estrutural, etc. e etc.), são fenômenos históricos que não foram devidamente resolvidos em suas diversas etapas históricas. A ‘fórmula da violência’ talvez tenha mudado o tom, mas continua sendo violência! Tudo que a sociedade produz materialmente/imaterialmente ganhou uma marca de qualidade que precisa passar, rigorosamente, pelos padrões ditados pelo ‘deus-mercado’. E se este acordo for rompido ou questionado de maneira veemente, o aparato repressor do Estado age sem qualquer receio ou lamento.
As práticas autoritárias se fazem sentir nas arenas política, econômica, cultural e educacional, como se todos pertencessem à alguém ou à alguma coisa da qual desconhecem, mas não conseguem se desvencilhar. Penso que ainda somos vistos como uma sociedade exótica, uma nação (?) terceiro-mundista cercada de miséria, inventividade, alegria e, ao mesmo tempo, de ‘passionalidade lusitana’. Entender o Brasil é analisar, efetivamente, o nosso passado colonial, daí a dívida que nós historiadores/educadores temos com uma História Comparada entre Brasil e Portugal. Isto explicaria, em boa parte, os mandos e desmandos de um Estado caolho, que necessita urgentemente ressignificar suas práticas políticas e ganhar um mínimo de credibilidade dos trabalhadores deste país.

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