A ombudsman do jornal Folha de
S. Paulo no último domingo teceu
considerações relevantes sobre o trabalho da mídia nacional em larga escala
(aquela que tem poder de penetração mais aguda nos lares brasileiros) sobre a
repercussão da greve geral do dia 28 de abril. Enquanto parte da mídia
internacional sinalizava que a greve geral no Brasil tinha por pauta o combate
às reformas trabalhista e previdenciária do governo em exercício, os grandes
jornais brasileiros noticiavam, sobretudo, casos isolados de baderna e
vandalismo, assim como as interrupções no trânsito das grandes metrópoles, sem
se deterem nas pautas e na objetividade factual de que mais de 40 milhões de
brasileiros estiveram nas ruas lutando por direitos conquistados que agora se
encontram em litígio.
Da mesma maneira que o
assalto ao poder no último ano foi encarado como ‘normalidade constitucional’ por
meio da massificada e conservadora mídia nacional, tem sido moeda corrente nos noticiários uma deturpação/manipulação
das reais motivações populares em relação aos ataques sistemáticos aos direitos
da classe trabalhadora. O jornalista Janio de Freitas, também articulista da Folha de S. Paulo, comentou em sua
coluna de domingo passado que o atual governo, de pífia aceitação popular, não editou
qualquer medida de proteção social até o momento, aliás, muito pelo contrário,
o que ocorre no país é o desmonte dos serviços públicos e a precarização
crescente do trabalho.
Desde 1989 o país não
via tamanha manifestação. Contudo, rotulada e/ou estereotipada como meros
movimentos espontaneístas, as reivindicações populares vão sendo
desqualificadas e criminalizadas para que não ganhem musculatura no atual
contexto histórico. Parece-nos evidente que a cobertura dos veículos de
comunicação sobre temas tão caros à imensa população brasileira mereceria,
minimamente, mais detalhamentos, investigações e o justo contraponto em relação
aos diferentes posicionamentos políticos. Não há como contemporizar as
contradições ou os antagonismos entre capital e trabalho. Esta será uma luta
permanente enquanto o modelo de produção capitalista subsistir.
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