segunda-feira, 1 de maio de 2017

O OLHAR DA IMPRENSA SOBRE A GREVE GERAL

A ombudsman do jornal Folha de S. Paulo no último domingo teceu considerações relevantes sobre o trabalho da mídia nacional em larga escala (aquela que tem poder de penetração mais aguda nos lares brasileiros) sobre a repercussão da greve geral do dia 28 de abril. Enquanto parte da mídia internacional sinalizava que a greve geral no Brasil tinha por pauta o combate às reformas trabalhista e previdenciária do governo em exercício, os grandes jornais brasileiros noticiavam, sobretudo, casos isolados de baderna e vandalismo, assim como as interrupções no trânsito das grandes metrópoles, sem se deterem nas pautas e na objetividade factual de que mais de 40 milhões de brasileiros estiveram nas ruas lutando por direitos conquistados que agora se encontram em litígio.

Da mesma maneira que o assalto ao poder no último ano foi encarado como ‘normalidade constitucional’ por meio da massificada e conservadora mídia nacional, tem sido moeda corrente nos noticiários uma deturpação/manipulação das reais motivações populares em relação aos ataques sistemáticos aos direitos da classe trabalhadora. O jornalista Janio de Freitas, também articulista da Folha de S. Paulo, comentou em sua coluna de domingo passado que o atual governo, de pífia aceitação popular, não editou qualquer medida de proteção social até o momento, aliás, muito pelo contrário, o que ocorre no país é o desmonte dos serviços públicos e a precarização crescente do trabalho.


Desde 1989 o país não via tamanha manifestação. Contudo, rotulada e/ou estereotipada como meros movimentos espontaneístas, as reivindicações populares vão sendo desqualificadas e criminalizadas para que não ganhem musculatura no atual contexto histórico. Parece-nos evidente que a cobertura dos veículos de comunicação sobre temas tão caros à imensa população brasileira mereceria, minimamente, mais detalhamentos, investigações e o justo contraponto em relação aos diferentes posicionamentos políticos. Não há como contemporizar as contradições ou os antagonismos entre capital e trabalho. Esta será uma luta permanente enquanto o modelo de produção capitalista subsistir. 

Nenhum comentário: