A greve internacional
feminina convocada para o dia 08 de março não será uma paralisação qualquer. É
um chamado por justiça social e respeito às mulheres de todo o globo terrestre.
O Brasil é considerado o país mais inseguro do mundo no que concerne ao amparo
da integridade física e psíquica feminina; a cada duas horas uma mulher é
assassinada nos rincões deste território e a cada onze minutos, em média, uma
mulher é estuprada. Apesar da aprovação das Leis Maria da Penha (Lei 11.340/06)
e do Feminicídio (Lei 13.104/15) – sendo que esta última estabelece em seu
ordenamento jurídico que a violência contra a mulher com consequência de morte
é crime hediondo – estamos ainda muito longe de equalizar as diferenças entre
os gêneros, dadas as permanências históricas do regime patriarcal.
As reformas trabalhistas/previdenciárias
no Brasil e em toda a América Latina (apenas para falar do continente
americano) desconsideram a particularidade e/ou a singularidade da mulher no
que se refere ao mundo do trabalho. No Chile, por exemplo, as trabalhadoras são
consideradas ‘caras’ para o mundo corporativo, pois engravidam e deixam de ser
‘produtivas’. Além disso, a força de trabalho feminina ainda é empregada nos
ofícios mais degradantes em várias partes do mundo, com implicações e
motivações/justificativas sociais, religiosas e raciais de toda ordem. A
desqualificação do trabalho feminino também é flagrante no campo da Educação
Básica, onde as mulheres se inserem de forma majoritária, percebendo salários
aviltantes e com condições de trabalho aquém do razoável, além de planos de carreira
risíveis.
A luta das mulheres é de
todos nós, porque isto significa respeito e senso ético de igualdade; porque é
inconcebível que a barbárie continue grassando todos os continentes,
naturalizando a violência de qualquer espécie contra as mulheres, sobretudo de
jovens e pobres; porque a liberdade de orientação sexual, assim como o direito
ao aborto, devem ser problematizados sem mistificações e/ou generalizações
transcendentes, via de regra pautadas pela ignorância e apelos medievos. Que
esta convocação seja a primeira de muitas!
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