quarta-feira, 8 de março de 2017

A LUTA DE TODOS NÓS

A greve internacional feminina convocada para o dia 08 de março não será uma paralisação qualquer. É um chamado por justiça social e respeito às mulheres de todo o globo terrestre. O Brasil é considerado o país mais inseguro do mundo no que concerne ao amparo da integridade física e psíquica feminina; a cada duas horas uma mulher é assassinada nos rincões deste território e a cada onze minutos, em média, uma mulher é estuprada. Apesar da aprovação das Leis Maria da Penha (Lei 11.340/06) e do Feminicídio (Lei 13.104/15) – sendo que esta última estabelece em seu ordenamento jurídico que a violência contra a mulher com consequência de morte é crime hediondo – estamos ainda muito longe de equalizar as diferenças entre os gêneros, dadas as permanências históricas do regime patriarcal.

As reformas trabalhistas/previdenciárias no Brasil e em toda a América Latina (apenas para falar do continente americano) desconsideram a particularidade e/ou a singularidade da mulher no que se refere ao mundo do trabalho. No Chile, por exemplo, as trabalhadoras são consideradas ‘caras’ para o mundo corporativo, pois engravidam e deixam de ser ‘produtivas’. Além disso, a força de trabalho feminina ainda é empregada nos ofícios mais degradantes em várias partes do mundo, com implicações e motivações/justificativas sociais, religiosas e raciais de toda ordem. A desqualificação do trabalho feminino também é flagrante no campo da Educação Básica, onde as mulheres se inserem de forma majoritária, percebendo salários aviltantes e com condições de trabalho aquém do razoável, além de planos de carreira risíveis.

A luta das mulheres é de todos nós, porque isto significa respeito e senso ético de igualdade; porque é inconcebível que a barbárie continue grassando todos os continentes, naturalizando a violência de qualquer espécie contra as mulheres, sobretudo de jovens e pobres; porque a liberdade de orientação sexual, assim como o direito ao aborto, devem ser problematizados sem mistificações e/ou generalizações transcendentes, via de regra pautadas pela ignorância e apelos medievos. Que esta convocação seja a primeira de muitas!



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