A simplificação
da política
Jéferson Dantas
Uma série de adjetivações
desqualificatórias/persecutórias tem percorrido as manchetes dos jornais e
revistas de grande circulação no país, acusando o governo Dilma e o PT pelos
descalabros na Petrobras e de estelionato eleitoral após a vitória nas últimas
eleições presidenciais. Já se fala em sarneyzação
do segundo mandato de Dilma, referência ao governo de José Sarney (1985-1990), historicamente
reconhecido como um retumbante fracasso político e econômico. Os dois primeiros
meses do segundo mandato do governo Dilma estão, assim, muito associados aos
respingos da disputa eleitoral ocorrida em outubro do ano passado, onde o
discurso do ódio e a simplificação da política se tornaram elementos chaves
para a construção das pautas midiáticas e das siglas partidárias
oposicionistas.
Não se trata de defender, maniqueisticamente, o
partido “x” ou o partido “y”, mas compreender que a história republicana
brasileira é atravessada por golpes e contragolpes e isto tem um enorme preço
político dependendo da conjuntura. Vê-se nitidamente um Congresso Nacional
conservador e que legisla de costas para a população brasileira, correndo sério
risco de ser um dos alvos de novas manifestações populares, como as que
ocorreram em junho de 2013. Se, por um lado, as reivindicações provenientes das
jornadas de junho de 2013 não
apresentavam pautas muito claras (excetuando-se os movimentos sociais
organizados) pode ser que agora as disputas por determinados projetos políticos
venham a se tornar mais polarizadas. Não é nada desprezível o surgimento de
grupos ultraconservadores no Brasil, que não se reconhecem nas atuais
representações político-partidárias. E, mesmo no interior de partidos
neoliberais, como é o caso do PSDB, já há uma movimentação denominada ‘onda
azul’, formada por jovens bem sucedidos, que pretendem ajudar a ‘reformar’ o
partido, aproximando-o das grandes questões nacionais.
O PT não tem muito que comemorar nestes 35 anos
de fundação. Historicamente identificado com sua militância desde meados da
década de 1980, hoje se vê na contingência de alianças espúrias e comprometidas
com um ideário econômico que sempre condenou. Isto não significa, todavia, que
a irresponsabilidade da política fisiológica e de determinados conglomerados
midiáticos atentem para princípios tão importantes e construídos a duras penas
neste país de jovem democracia. Não se pode esquecer, por conseguinte, como nos
ensina o historiador britânico Eric Hobsbawm (1917-2012), de que qualquer etapa
histórica não é permanente e que a sociedade humana é uma estrutura capaz de
mudança e o presente nunca será o seu destino final!
Nenhum comentário:
Postar um comentário