sexta-feira, 11 de novembro de 2011

palimpsestos [1]


Já não falam. Gritam! Precisam ser alucinadamente ouvidos; precisam se certificar de que serão escutados. A conversa pobre, gírias padronizadas e todos os estereótipos possíveis. E, assim como asnos, viajam no autobus-náufrago com a lentidão de ‘orelhas chuvosas’. O autobus agora é densa veia de cinza e sangue coagulado! Aquela juventude-esmeralda e os cabelos multicores em névoa me parecem fantasmas desplugados e literalmente desgovernados.

A jovem nua que respira o ar fresco e ascende entre a miséria homogênea de menininhas sem ardor traz as mãos crispadas sobre um punhal de aves sem nome...E sua dor angelical é imensa como o deus-silêncio de Spinoza. E ela trepa veloz sobre o meu falo-fogo e mija quente em minhas pernas...e desgovernados seguimos na marcha onírica.

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