segunda-feira, 16 de maio de 2011

UMA CIDADE SEM CULTURA


 

“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão, balé!” Tal trecho da canção do grupo de rock Titãs poderia ser traduzido para as cercanias de Florianópolis como: “A gente não quer só praia e Shopping Center, a gente quer teatro, exposição de arte, cinema de vanguarda, música independente e museus abertos!” O Centro Integrado de Cultura fechado há tanto tempo e sem previsão de abertura para a população florianopolitana era, provavelmente, o único espaço da cidade que congregava tal diversidade cultural. E como todos sabem, uma cidade faminta de arte sofre com o estado deplorável de sua inanição intelectual.

Analisando-se o contexto dos espaços públicos da cidade, percebe-se que cada dia mais tais lugares vão se espremendo junto a novos empreendimentos imobiliários, centros de consumo, estacionamentos, etc.. Florianópolis possui sérios problemas de mobilidade urbana. Associado a isso, as áreas centrais de sua parte insular ficam, literalmente, às moscas nos finais de semana. Praças vazias, museus fechados e um mercado público que beira à decadência. Acima de tudo, trata-se de uma cidade sazonal, que vive da alta temporada do verão, oferecendo aos seus visitantes as belezas naturais e iguarias gastronômicas para bolsos rechonchudos. Ou ainda, trata-se de uma cidade dualizada por territórios que não possuem qualquer capital econômico ou cultural e um território com muito capital econômico, mas sem muitas alternativas culturais para usufruir de seu capital econômico.

As soluções poderiam se dar com um pouco de vontade política. Por que não realizar eventos gratuitos e regulares de arte em toda a cidade numa determinada época do ano, como acontece com a ‘virada cultural’ em São Paulo e Rio de Janeiro? As praças públicas receberiam em cada bairro da cidade orquestras sinfônicas ou pianistas, e os museus – equipados e com guias efetivamente profissionalizados – atenderiam o público de forma mais interativa; os teatros abrigariam montagens cênicas independentes e locais; e o mercado público seria o grande palco da diversidade musical. As bibliotecas montariam um ‘karaokê’ literário baseado nas obras de escritores catarinenses, à disposição de qualquer cidadão/ã que se dispusesse a ler. Munidos/as de um ‘mapa cultural’ e com maior número de transportes coletivos nas ruas, creio que os/as florianopolitanos/as teriam muito prazer em circular pelos diferentes bairros da cidade, alimentando seus corpos e mentes e sentindo-se menos ‘ilhados’.



Um comentário:

Ah meus sais! disse...

Oi Jeferson. Entrei e nao consegui olhar tudo, mas me surpreendeu ver que vc escreve desde 2006. Parabéns pelo Blog, vou aprecia-lo como merecido em futuras visitas.