O
assassinato brutal ou a execução sumária de uma mulher negra, militante dos
Direitos Humanos, moradora da periferia e a quinta vereadora mais votada do
estado do Rio de Janeiro, é a divisa mais acabada de um país racista, misógino,
e que a cada dia se depara com todo tipo de atrocidade à vida humana. Não é
possível se calar diante de uma conjuntura social que procura acomodar e
direcionar normativas que degradam as condições de trabalho de milhões de brasileiros
– especialmente a partir de abril de 2016 – em benefício do capital e do Poder
Judiciário, que deveria zelar pela justiça social. Aliás, a concupiscência
entre os Três Poderes é notória!
Num
passado não muito distante, as ditaduras civil-militares na América Latina
promoveram toda sorte de brutalidades, opressões, silenciamento dos movimentos
sociais e da liberdade de expressão. As comissões
nacionais da verdade, criadas para investigar os crimes desse período
recente da História latino-americana, em nosso país, foram iniciadas em 2011 e
finalizadas em 2014, porém, em grande medida, seus resultados foram
frustrantes. Para o historiador Carlos Fico a transição democrática brasileira
ainda não terminou. Diferentemente da Argentina, o traço marcante sobre a
ditadura civil-militar brasileira não é o “trauma pela violência”, mas a
“frustração das esperanças”.
Esperanças
que são golpeadas. Esperanças que são eliminadas com projéteis na calada da noite.
Esperanças que se frustram porque grande parcela da população brasileira está sem
perspectivas diante de um modelo econômico excludente e totalmente desigual. A
naturalização da violência sem peias sinaliza uma crise civilizatória num país
que até hoje não universalizou a Educação Básica; que não garante saúde pública
de qualidade para todos; que, hodiernamente, é bombardeado por noticiosos
seletivos dos grupos empresariais jornalísticos. Se a analogia da esperança
pode ser representada por uma flor, fiquemos com a máxima do poeta: “É feia.
Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário