O ‘mito da pós-verdade’
parece ter ganhado uma relevância preocupante na sociedade brasileira de forma
geral, ou seja, são tempos em que convicções ou crenças pessoais são mais
importantes do que pesquisas científicas sistematizadas, realizadas a partir de
séries históricas, envolvendo grupos de pesquisa, financiamento público,
universidades e escolas de Educação Básica. O imediatismo, a pouca clareza do
que significa alterar itinerários formativos especialmente no Ensino Médio e por
medida provisória, é a demonstração mais evidente de um modus operandi governamental pautado na ausência de diálogo, com
efeitos nefastos para a juventude pobre deste país.
Aprovada no dia 8 de
fevereiro pelo Senado Federal, a Reforma do Ensino Médio por medida provisória
foi combatida por especialistas educacionais de várias partes do país e também
de outras partes do mundo, pois ela representa a forma cabal de pauperização e
restrição curricular desde os tempos da reforma impingida pela ditadura
civil-militar por meio da famigerada Lei 5.692/1971. Tendo sete disciplinas
obrigatórias (Português, Matemática, Inglês, Artes, Educação Física, Sociologia
e Filosofia), os jovens do ensino médio poderão ‘escolher’ as áreas de
conhecimento de seu interesse (parte flexibilizada do currículo), reduzindo,
sobremaneira, o repertório de apropriação do conhecimento científico produzido
pela humanidade, tão necessário para estudos subsequentes.
Há, portanto, unanimidade
entre os pesquisadores da área, de que a Reforma do Ensino Médio, executada por
este governo, nada mais é do que um projeto de simplificação curricular na
Educação Básica pública, formando farta e alienada força de trabalho
simplificada para trabalhos cada vez mais simplificados. A alardeada educação
integral no Ensino Médio, dificilmente terá plena cobertura no território
nacional, ainda mais com as fortes restrições orçamentárias em serviços básicos
como educação e saúde, aprovadas no segundo semestre do ano passado. As
Licenciaturas também sofrerão impactos significativos. Ao fim e ao cabo, o
dualismo educacional perverso continua sendo a regra no Brasil.
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