domingo, 11 de outubro de 2015

PMDB: O 'MALINO BASTANTÃO'

O PMDB, de aliado formal da presidenta Dilma Rousseff, tornou-se o principal eixo de contraposição ao governo, encampando sem peias o pedido de impeachment do Executivo, denotando evidente intento golpista. Para estear a sobrevivência do governo petista, exigiu cargos e maior poder/participação política por meio de ministérios e secretarias, algo bastante conhecido na cultura política brasileira e também da América Latina (patrimonialismo).
Segundo a pesquisadora e urbanista, Erminia Maricato, a desigualdade social combinada com a dominação externa por mais de cinco séculos na América Latina fortaleceram, sobremaneira, as elites internas dominantes, de agudo acento patrimonialista, que se destaca pelas seguintes características: 1) a relação de favor ou de troca é central no exercício do poder; 2) a esfera pública é tratada como coisa privada e pessoal; 3) existe correspondência entre detenção de patrimônio e poder político e econômico. Além disso, clientelismo e oligarquia são conceitos intimamente relacionados ao patrimonialismo. Em tal contexto e por meio de tais dinâmicas fisiológicas, a corrupção se torna um subproduto do exercício de empoderamento, mantendo igualmente no sistema político do Legislativo e do Judiciário características de atraso e de ‘pré-modernidade’. Em síntese, a aplicação da lei segue caminhos tortuosos quando se trata de contrariar interesses dominantes, tendo em vista que os julgamentos não ignoram relações pessoais ou de compadrio.
O PMDB – que não lembra nem remotamente o MDB histórico – como força política de um país marcado pela estrutura de poder relatada acima, assim como os demais partidos (neo)liberais e ditos de oposição, habituaram-se a conviver com a interferência do Banco Central na vida dos brasileiros que, via de regra, não prestam contas à população. Sob a ótica da agenda neoliberal, os Bancos Centrais possuem autonomia em relação a governos ou a qualquer instituição. O ‘risco país’, por exemplo, propagandeado como um indicador de prestígio no mundo da economia tem mais importância do que a distribuição de renda. Mas, como nos alerta Maricato, quem define o ‘risco-país’? Quais são os critérios para a sua formulação?
O conjunto de interesses políticos, agora despontado de maneira mais sistemática pelo ‘toma lá, da cá’ peemedebista, faz com que esta agremiação partidária se constitua, atualmente, e de forma desvirtuada, a baliza central nas relações de poder. O PMDB assemelha-se ao ‘malino bastantão’ (conforme linguajar dos nativos da Ilha de Santa Catarina), ou seja: perniciosamente, por onde passa ‘só deixa a baga’!



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