O PMDB,
de aliado formal da presidenta Dilma Rousseff, tornou-se o principal eixo de
contraposição ao governo, encampando sem peias o pedido de impeachment do Executivo, denotando evidente intento golpista. Para
estear a sobrevivência do governo petista, exigiu cargos e maior poder/participação
política por meio de ministérios e secretarias, algo bastante conhecido na cultura
política brasileira e também da América Latina (patrimonialismo).
Segundo a
pesquisadora e urbanista, Erminia Maricato, a desigualdade social combinada com
a dominação externa por mais de cinco séculos na América Latina fortaleceram,
sobremaneira, as elites internas dominantes, de agudo acento patrimonialista,
que se destaca pelas seguintes características: 1) a relação de favor ou de
troca é central no exercício do poder; 2) a esfera pública é tratada como coisa
privada e pessoal; 3) existe correspondência entre detenção de patrimônio e
poder político e econômico. Além disso, clientelismo e oligarquia são conceitos
intimamente relacionados ao patrimonialismo. Em tal contexto e por meio de tais
dinâmicas fisiológicas, a corrupção se torna um subproduto do exercício de
empoderamento, mantendo igualmente no sistema político do Legislativo e do
Judiciário características de atraso e de ‘pré-modernidade’. Em síntese, a
aplicação da lei segue caminhos tortuosos quando se trata de contrariar
interesses dominantes, tendo em vista que os julgamentos não ignoram relações
pessoais ou de compadrio.
O PMDB – que
não lembra nem remotamente o MDB histórico – como força política de um país
marcado pela estrutura de poder relatada acima, assim como os demais partidos
(neo)liberais e ditos de oposição, habituaram-se a conviver com a interferência
do Banco Central na vida dos brasileiros que, via de regra, não prestam contas
à população. Sob a ótica da agenda neoliberal, os Bancos Centrais possuem
autonomia em relação a governos ou a qualquer instituição. O ‘risco país’, por
exemplo, propagandeado como um indicador de prestígio no mundo da economia tem
mais importância do que a distribuição de renda. Mas, como nos alerta Maricato,
quem define o ‘risco-país’? Quais são os critérios para a sua formulação?
O
conjunto de interesses políticos, agora despontado de maneira mais sistemática
pelo ‘toma lá, da cá’ peemedebista, faz com que esta agremiação partidária se
constitua, atualmente, e de forma desvirtuada, a baliza central nas relações de
poder. O PMDB assemelha-se ao ‘malino bastantão’ (conforme linguajar dos
nativos da Ilha de Santa Catarina), ou seja: perniciosamente, por onde passa
‘só deixa a baga’!
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