terça-feira, 20 de março de 2012

GÉLIDA



A realidade rumorosa e ensurdecedora descortinou a manhã de neblina, atiçando os instintos ativos. Calço os chinelos do medo e abraço a água que me banha. Ainda que trôpego, visto camisa e calça social, além de sapatos bem lustrados. A panificadora onde costumo tomar café todas as manhãs tem uma tristeza inominável. E os farelos do pão se transformam em brincadeiras de formigas.

Mas, tudo ainda era o teu semblante! A dureza gélida dos teus lábios e a pedraria dos teus olhos me mortificava fundo. E era um silêncio interior de corroer vísceras... e cada vez me convencia sangrando de que os sonhos são bestas multiformes e intratáveis...

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