terça-feira, 6 de setembro de 2011

TARDE ÚMIDA


Quero poder dormir sem culpa
e ouvir o cantar da chuva ...
               Quero poder sentir meu corpo
               integrado,
                sem perda nem cansaço,
                na força de meus passos
o Homem pleno e amado...

Nas folhas das árvores,
onde o orvalho se esconde,
minha menina me beijará
agridoce
             serena
                     e hesitante ...
    com o coração quase
                                 exultante...

Quero expandir meu peito,
respirar o ar mais puro da cidade,
flertar com a menina do vestido
molhado e
de cabelos anelados
manchando os ares
com minha
espada
em
sangue...

Enredo a angústia,
ilustrando a minha
dor mais
aguda...
Uma chamada tua
não será mais ameaça
e a chuva
apertará os nossos passos e tu
sentirás
minhas mãos úmidas e
nossos
olhos
terão o brilho do
fogo...!

Quero encostar a cabeça no travesseiro, na
última hora do dia ... com extrema euforia ...
com meu mais fantástico ardor ... minha mais
                      dolorosa alegria ....

                                                                                 1994.



Nenhum comentário: