sexta-feira, 22 de abril de 2011

METRÓPOLE III


Reconheço este lugar. A viagem ao centro da turba. O que me alimenta nesta megalópole são os seus sins e nãos desencontrados; a chuva no fim do dia e o caos urbano de máquinas automotoras. É este sangue plangente na esquina e os mornos assoalhos das catedrais obscuras; é este nunca adormecer e este nunca acordar. Faz estripulias agora, logo quando o relógio sineteia o meio do dia... o meio da tarde.

Você que não me deixa gritar, pois absurdo seria num lamaçal de urbanidade polifônica. Só atino a labareda quando por fim adentro o café costumeiro, com suas mesas elevadas e a gentil atendente do sotaque indescritível. E a maior ameaça é não encontrar mais o estrondo dos passos vários desta gente sem raiz e sem propósito. E a última palavra é a que mais dói no sopro do fim do dia.    

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