segunda-feira, 5 de julho de 2010

Raulzito faria 65 anos de idade

Passados 21 anos desde o desaparecimento do cantor e compositor baiano Raul Santos Seixas (1945-1989), finalmente o roqueiro mais irreverente do país ganhará (provavelmente) seu primeiro longa-metragem. Trata-se de um filme-documentário que será dirigido por Walter Carvalho, mesclando imagens de arquivos de emissoras de tevê e outras encenadas indicando o início da carreira do músico. Apesar da inegável importância de Seixas no cenário musical brasileiro, até hoje não se realizou uma cinebiografia à altura de seu talento e muito menos uma biografia que contemplasse aspectos de sua existência que fossem além de chavões ou de cultos mitomaníacos.

Raul Seixas nasceu no dia 28 de junho de 1945 e se estivesse vivo estaria completando 65 anos. Iniciou sua carreira artística em Salvador sob a influência do rock e do baião de Luiz Gonzaga no final da década de 1950. Pertencente à classe média baiana, Seixas desde cedo tomou gosto pela literatura e queria ser tão importante quanto Jorge Amado. Porém, encontrou o seu caminho na linguagem musical.

Desiludido com o rock nacional da década de 1980 começou a compor de maneira mais espaçada e suas aparições públicas tornaram-se mais raras. Para Seixas, o rock nacional teria perdido a sua irreverência. As canções passavam a atender cada vez mais o mercado, transformando-se em meros produtos pasteurizados. O estético teria vencido o protesto.

O último trabalho musical de Raul Seixas foi realizado com o parceiro Marcelo Nova em 1989. Bastante debilitado e aplicando-se insulina regularmente, a emissão vocal titubeante de Seixas em nada lembrava o músico debochado e inventivo da década de 1970. Dentre os temas desta última obra estão os xiitas ecologicamente corretos, uma crítica bem humorada ao cantor inglês Sting, que esteve no Brasil posando de defensor da causa verde, reflexo do fenômeno arrivista que se agudizaria na década de 1990. Ainda sobram ironias para os livros mais vendidos do momento – os denominados best-sellers. As demais canções revelam momentos singulares da vida do músico, enfim, um inventário de sua produção artística. No dia 21 de agosto de 1989 o poeta anarquista embarcou num disco-voador e nos deixou um legado que tem acompanhado diversas gerações.

2 comentários:

Danny disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Danny disse...

Grande Raul
Legendário, Inesquecível

(Toca Rauuuul!!!)