segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

50 anos de uma revolução centenária





Por Jéferson Dantas

A revolução cubana completou 50 anos em janeiro, mas é necessário resgatar, historicamente, o espírito desse movimento. Com a sua independência política ocorrida em 1898, Cuba permaneceu sob a tutela estadunidense, alternando governos subornáveis e submissos à Casa Branca. A ilha caribenha não passava de um protetorado dos EUA, algo que permaneceu até 1934, quando, finalmente, foi revogada a ‘Emenda Platt’, uma espécie de adendo à Constituição cubana, que permitia a intervenção política de Washington em qualquer tempo.

Grande parte da população cubana até a época da revolução era de origem rural, entretanto, não tinham acesso à terra e viviam em precárias condições de existência. Durante as décadas de 1930 e 1940, Cuba vivia imersa na corrupção, violência, desmandos e turbulência política. Não por acaso, tal quadro social foi exaustivamente explorado pela indústria cinematográfica estadunidense, objetivando desqualificar os feitos da revolução cubana. O então presidente cubano, Fulgêncio Batista, que chegou ao poder através de um golpe, construiu ao seu redor uma estrutura de governo autoritária e totalmente avesso às principais reivindicações populares. E foi durante o seu governo que se organizou um movimento guerrilheiro de cunho nacionalista, liderado pelos irmãos Castro, Cienfuegos e Guevara. A guerrilha nacionalista aliada ao partido comunista chegaria à vitória definitiva em janeiro de 1959.

Com a consolidação da revolução, o governo de Fidel Castro se aproximaria da ex-URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), num contraponto à política hegemônica dos EUA no continente americano durante a Guerra Fria (1945-1989). O bloqueio ou embargo econômico realizado pelos EUA à Cuba vem deste período, além de inúmeros atentados e golpes frustrados da CIA ao governo de Castro. Cuba também foi excluída da OEA (Organização dos Estados Americanos), tornando-se a única área de influência soviética na América.

Ainda que pese sobre o governo dos irmãos Castro todas as divergências possíveis, principalmente no que tange ao culto à personalidade política e extinção dos partidos, as conquistas sociais em Cuba são inegáveis, notadamente nas áreas de saude e educação. O fim do embargo econômico à ilha não depende de uma suposta ‘boa vontade’ do recém-eleito presidente dos EUA Barack Obama. Nesta direção, os Estados latino-americanos precisam mais do que nunca fortalecer seus fóruns decisórios e encontrar alternativas conjuntas a um modelo de supremacia eivada de ranço imperialista. A revolução cubana precisa ser lembrada como uma ação coletiva corajosa num contexto de omissão, submissão e dependência econômica dos demais paises da América.

Nenhum comentário: