terça-feira, 2 de outubro de 2007

Magistério catarinense e monopólio da mídia



Por Jéferson Dantas

No dia 29 de setembro de 2007, sábado, deparo-me com a seguinte chamada da seção Visor, página 3 (Opinião do periódico Diário Catarinense): “O coordenador do Sinte [Sindicato dos Trabalhadores em Educação] reconhece o prejuízo à formação dos estudantes [diminuição de cada aula em 15 minutos], mas afirma que é uma forma legítima de forçar o poder público a resolver problemas do setor. Não é. A medida usa os alunos como massa de manobra e prejudica ainda mais a sua deficiente formação”. Tal visão do periódico é corroborada pelo colunista Moacir Pereira na mesma página acima citada. Contudo, em se tratando da ótica rasteira que a mídia impressa brasileira se dirige às questões estruturais no campo educacional, a abordagem em foco beira ao desconhecimento pleno do que tem sido a situação do magistério catarinense nos últimos anos.

Além de a educação continuar não sendo a ‘prioridade das prioridades’, como bem ressalta o educador Dermeval Saviani, nos últimos 25 anos em Santa Catarina - entre o fim da Ditadura Militar (1964-1985) e a redemocratização - temos a permanência no estado de duas legendas partidárias que se digladiam na esfera do público/privado. A aliança partidária que representa o atual governo do estado tem em seu histórico a sanha da perseguição, da desqualificação e da intriga. Como esquecermos a violência física contra os educadores em 1987 e a demissão sumária de 17 mil educadores em plena democracia?

Entender a estratégia de greve do magistério catarinense em detrimento da lógica estatal implica, justamente, nas opções claras que o Estado faz. Afinal, como admitir que Santa Catarina pague o terceiro pior piso salarial em nível nacional? Como admitir condições de trabalho indignas? Toda vez que o discurso estatal revela que o processo educacional onera os cofres públicos devido ao impacto orçamentário, mais certeza se tem de que a educação não se qualifica como prioridade em Santa Catarina e muito menos como investimento. Gerações de catarinenses estão se apropriando menos do conhecimento científico produzido pela humanidade, num empobrecimento formacional que grassa toda a Educação Básica. Todavia, ‘culpabilizar’ educadores não é a melhor forma de se resolver tal situação.

E, para finalizar, não fica bem para o aparato estatal desqualificar o magistério através das mídias impressa e eletrônica, com adjetivos impróprios, como se os representantes da res-publica não tivessem nada a ver com isso. Se os legisladores catarinenses fossem avaliados com a agudeza que merecem pela sociedade civil, dificilmente, seriam aprovados para uma nova legislatura.

Um comentário:

Nayana disse...

Olha só, quem eu encontro por aqui!!

Adorei, Profo! farei desse espaço extensão da sala... ;)


Abraço,
Nayana.