terça-feira, 17 de abril de 2018

NÃO ÀS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OSs)


A defesa e a contratação das organizações sociais (OSs) – vistas como única solução para o atendimento público em creches e unidades de pronto atendimento (UPAs) em Florianópolis –, revelam como a racionalidade neoliberal ganhou contornos dramáticos em nosso país. Não por acaso, o embate entre o Executivo/Legislativo municipal e a classe trabalhadora, representada pelo seu sindicato (SINTRASEM), estão longe de serem questões meramente locais, ainda que sistematicamente minimizadas pela imprensa catarinense e até mesmo ignoradas pela sociedade.
Apenas como dado comparativo, segundo estudos de Ana Carolina Navarrete, mestra em Direitos Humanos pela USP, e do advogado e pesquisador, Gustavo Franco da Rosa, “em novembro de 2014 a prefeitura de São Paulo iniciou a reformulação de todas as suas contratações com entidades privadas que gerenciassem equipamentos e prestassem serviços públicos de saúde no SUS municipal. O processo acarretou dispensas maciças, recontratações com salários até 70% mais baixos e seleção de entidades de reputação duvidosa, com base em critérios exclusivamente econômicos – em desobediência à legislação municipal sobre o tema”. Praticamente, 30% dos serviços de saúde eram geridos pelas OSs, que firmam contratos com a administração pública supostamente sem finalidade lucrativa. As OSs, criadas ainda durante o governo FHC (1995-2002), constituem um modelo de gestão calcado numa pretensa eficiência, tendo em vista que são dispensadas de realizarem processos licitatórios para compras de insumos e desobrigadas de realizarem concursos públicos para a contratação de pessoal especializado. Em síntese, é a terceirização dos serviços públicos!
As consequências são nefastas, caso as OSs sejam aprovadas em Florianópolis. Destacamos algumas: 1) precarização das condições de trabalho; 2) ausência de controle social das atividades praticadas pelas OSs; 3) critérios pouco transparentes para a contratação das OSs, acalcanhados geralmente em aspectos quantitativos, impactando diretamente na deterioração das relações de trabalho e atendimento ao público. O debate precisa ser ampliado. O que está em jogo é a qualidade social do atendimento de serviços públicos essenciais para grande parcela da população florianopolitana.


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