sexta-feira, 29 de outubro de 2010

OS POEMAS DO MAR - CANTO DOIS


Mal clareou o dia,
E lá estava o escrivão,
Com seu bico de pena
E a imaginação a mil.


O mar batia
Calmo nos rochedos,
Embalando a mente
Fértil do repórter-navegante.

Observava a voluptuosidade
Das nativas,
Os seios desnudos,
Os glúteos vermelhos,
Sem que nada
Cobrisse
As suas vergonhas.

Analisava o cenário
Paradisíaco como quem
Deleita-se com
O inalcançável.
E sua pena ágil
Ia contornando o papiro
E mais elementos
Da paisagem
Tornavam vigorosas
A sua narrativa.

A terra dos papagaios
Era, definitivamente,
Uma terra de gente sem credo,
E o escrivão se ria por dentro
Relatando ao Rei
As facilidades
Da empresa lusitana.

Mas,
O escrivão
Não notara,
Que os nativos carregavam
Em seus corpos
Todas as crenças
De seu povo,
Em desenhos
Tatuados nos braços, ombros e
Costas.


E, embora
A expedição não desejasse
A redenção
De seus contínuos
Espólios,
O escrivão folgazão
Por certo
Exagerou
Ao solicitar à majestade
A soltura de seu
Genro ladrão
E uma ‘ocupação’ do
Mal-afortunado
Na Corte Real.

Um comentário:

Unknown disse...

olá Jéferson!Visitei teu blog e o texto "Os Poemas do Mar-canto dois" me tocou profundamente.
Um abraço
Uby Oliveira