quinta-feira, 1 de junho de 2006

Para entender a greve do Magistério em Santa Catarina




Por Jéferson Dantas

A greve do magistério estadual ultrapassou trinta dias, numa demonstração de incapacidade das políticas públicas em negociar com a categoria docente, além de a educação continuar não sendo a ‘prioridade das prioridades’, como bem ressalta o educador Dermeval Saviani. Historicamente, nos últimos 25 anos em Santa Catarina, entre o fim da Ditadura Militar (1964-1985) e os ares da “Nova República”, temos no Estado, essencialmente, duas legendas partidárias que se digladiam na esfera do privado, nas contendas miúdas, típicas das oligarquias coloniais. O partido que representa o atual governo do Estado tem em seu histórico a sanha da perseguição, da desqualificação e da intriga. Como esquecermos a violência física contra os educadores em 1987 e a demissão sumária de 17 mil educadores em plena democracia?

Entender a greve do magistério pela lógica estatal implica, justamente, nas opções claras que o Estado faz. Afinal, como admitir que Santa Catarina pague o terceiro pior piso salarial em nível nacional? Como admitir a política dos “penduricalhos” através de abonos não incorporados ao salário? Toda vez que o discurso estatal revela que o processo educacional onera os cofres públicos devido ao impacto orçamentário, mais certeza temos de que a educação não se qualifica como prioridade em Santa Catarina e muito menos como investimento. Gerações de catarinenses que não podem pagar a educação privada estão cada vez mais se apropriando menos do conhecimento científico produzido pela humanidade, num empobrecimento formacional que grassa toda a Educação Básica. E isso pais e estudantes sabem muito bem.

E, para finalizar, não fica bem para o aparato estatal desqualificar o magistério através das mídias impressa e eletrônica, com adjetivos impróprios, como se os representantes da res-publica não tivessem nada a ver com isso. Se os legisladores catarinenses fossem avaliados com a agudeza que merecem pela sociedade civil, dificilmente, seriam aprovados para uma nova legislatura. Algo a se pensar em tempos de renovação nos Congressos Estadual e Nacional.

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