Quero poder dormir sem culpa
e ouvir o cantar da chuva ...
Quero poder sentir meu corpo
integrado,
sem perda nem cansaço,
na força de meus passos
o Homem pleno e amado...
Nas folhas das árvores,
onde o orvalho se esconde,
minha menina me beijará
agridoce
serena
e hesitante ...
com o coração quase
exultante...
Quero expandir meu peito,
respirar o ar mais puro da cidade,
flertar com a menina do vestido
molhado e
de cabelos anelados
manchando os ares
com minha
espada
em
sangue...
Enredo a angústia,
ilustrando a minha
dor mais
aguda...
Uma chamada tua
não será mais ameaça
e a chuva
apertará os nossos passos e tu
sentirás
minhas mãos úmidas e
nossos
olhos
terão o brilho do
fogo...!
Quero encostar a cabeça no travesseiro, na
última hora do dia ... com extrema euforia ...
com meu mais fantástico ardor ... minha mais
dolorosa alegria ....
1994.